segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Poeta!
Demagogo
é o poeta. Lírico e mentiroso.
Esventra
a sociedade, todas as sociedades e maldiz o poeta, o político, o sapateiro, a
monarquia e a república. Tão poeta que se põe, para escarnecer e maldizer toda
a gente... nem o diabo escapa.
Sempre
menino, não cresce o poeta, continua sonhador, fazendo castelos nas nuvens.
Cresce
menino! Pára de sonhar, de te esconderes atrás da Calíope, que ela nada tem
para te dar...
Não
meu amor, nunca te darei o sol, a lua ou as estrelas do céu. Se te disser que
sim, vais esperar o resto da vida por um sonho que te vendi. Podes ficar
sedento, mas nunca se entrega, um poeta!
Precisa
de musas que satisfaçam o seu ego e acredita que são inspiradoras. Ah poeta!
Não
meu amigo, não estou à tua espera desde ontem. Que mau tempo fez! Não poderias
vir, e nem que eu te cantasse mil cantigas de amigo, tu virias...
Que
ingrato, qual menino, esse poeta que diz que estás sempre presente, mas os
amigos são para as ocasiões. Por vezes descubro que, com amigos assim, ninguém
precisa de inimigos. Mas não o digo, porque isso é tarefa do poeta: eu chamo-te
ingrato ele diz que pagas o bem com o mal, que não lhe conpensas o trabalho de
ser teu amigo. Quem diz pior?
Rodeia
e floreia as palavras que escreve em pergaminho e pena, em requintes de
malvadez, para que rimem com sentido quase sempre figurado.
Pobre
mentiroso que não chama nada pelo nome, acaso há falta de vocábulos? O mar é o mar, e não dá beijos. Acaso será um rosa a tua pele, que de rosa nada tem?
Leonor não vai segura pela verdura, porque tem saltos altos!
È castrado o poeta porque se castrou. Não disse o que queria, porque usou eufemismos!
Morra Dantas morra pim? Que faz aqui o pim? Fala homem! Diz o que queres dizer e não o que a quimera perturbou.
Poetas!
Leonor não vai segura pela verdura, porque tem saltos altos!
È castrado o poeta porque se castrou. Não disse o que queria, porque usou eufemismos!
Morra Dantas morra pim? Que faz aqui o pim? Fala homem! Diz o que queres dizer e não o que a quimera perturbou.
Poetas!
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
As mimosas
Já se cobriram de oiro as mimosas, garridas e vivazes,
de que tecem pregões as pregoeiras e arrajam seus penachos os rapazes.
Que nota alegre põem pelos montes, tão amarelas, é um gosto vê-las,
mostra o Inverno negros horizontes e já a vida se anuncia nelas.
Enquanto o desfolhado arvoredo, o sol de Abril espera,
vão as mimosas gorgeando o ledo ensaio de um manto de Primavera.
Se acaso o sol lhes vai lançar em volta a filigrana dos seus raios de oiro,
de cada flor parece que solta, a jóia fulgurante de um tesoiro.
Corre Janeiro desabrido e agreste, Fevereiro e Março seguem trilho igual,
mas a mimosa, essa, veste de Primavera o chão de Portugal.
João de Deus
Foto de Rui Vieira
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
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