Ainda que não me sintas, toca-me, estende a mão e toca-me,
ainda que a minha pele seja um vidro, frio e inerte,
sente-me, dou-me -te e não me tens!
ainda que escreva em entrelinhas, e metade dos meus pensamentos
te perturbem a compreensão, ainda que não me vejas,
lê nos meus olhos, o quanto te quero.
Ainda que as nossas vidas jamais se cruzem,
tem-me por breves momentos,
toca-me a alma e lê-me no auge das emoções...
Ainda que as minhas palavras sejam cinzentas, iriza a tua vida com elas,
sente-as percorrerem-te o sangue, deixa-me entrar em ti...
Ainda que montes e aldeias nos separem, fica em mim,
memoriza-me e salva-me em ti como o teu ficheiro secreto!
Ainda que as minhas palavras tenham a tenacidade da dor,
serão sempre a minha dádiva de seda e algodão,
o que de mais doce tenho para te dar...
Ainda que te me dê, não me tens
e serei sempre tua.
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