Já se cobriram de oiro as mimosas, garridas e vivazes,
de que tecem pregões as pregoeiras e arrajam seus penachos os rapazes.
Que nota alegre põem pelos montes, tão amarelas, é um gosto vê-las,
mostra o Inverno negros horizontes e já a vida se anuncia nelas.
Enquanto o desfolhado arvoredo, o sol de Abril espera,
vão as mimosas gorgeando o ledo ensaio de um manto de Primavera.
Se acaso o sol lhes vai lançar em volta a filigrana dos seus raios de oiro,
de cada flor parece que solta, a jóia fulgurante de um tesoiro.
Corre Janeiro desabrido e agreste, Fevereiro e Março seguem trilho igual,
mas a mimosa, essa, veste de Primavera o chão de Portugal.
João de Deus
Foto de Rui Vieira
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