quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tanto eu

Agora que penso bem no assunto, eu sou muito, sou tanto!

Sem quaisquer pretensões, a introspecção diz-me, que acima de tudo sou Mulher. Sim, talvez Mulher Camaleão, mas assim já sou duas coisas: Mulher e Camaleão.

Aquela que se vira do avesso para que nada falte, para que a família se mantenha coesa, para que quem chega tenha sempre uma sopa quente e lençóis frescos à sua espera, mesmo que esse alguém seja o mundo inteiro.
… Tão camaleónica que posso ser criança, adulto ou Homem, e fazer quase tudo o que um homem faz, mas sou um mecânico muito feminino, um estucador cheio de “glamour”, reparo máquinas e dou um jeito na canalização sem partir uma unha ou estalar o verniz. E antes de lixar a parede que vou pintar, trato da minha pele com o melhor hidratante, (disponível), e protejo o meu cabelo, como faria qualquer “metrosexual.
Serei uma “Drag-Queen”? Não! Sou apenas camaleónica.
Sou Mulher e mulher, sou Senhora, educadora e educanda, sou cozinheira com apetite e pasteleira gulosa, sou jurista sem Juízo e gestora sem fundo de maneio, sou altruísta sem Mundo.
Sei receber com chá e bolinhos e sei receber com chouriço e vinho e sei escutar nos dois lanches.
Ah! escutar, ouvir, ouvir de todos os lados e ouvir sem responder. Sim, ouvir sem responder.
Porque não dou conselhos grátis e não opino sem que me peçam.
Sei ouvir e vêr, mas acima de tudo, sei calar.

Sou fiel. Corre-me no sangue a fidelidade, e as marcas físicas relembram- me diariamente que tudo começa aqui, em mim, sou por isso fiel a mim própria.
Ensinei os meus filhos que nem tudo é o que parece, porque “A mater tua mala burra est”, não fala necessariamente da mãe, mas de uma maçã...
...a Lei de Newton e o Teorema de Pitágoras não fazem parte da disciplina de História, é pura física e bem actual. O Pedro aprendeu a primeira quando caiu do beliche, e o Rodrigo aprendeu o segundo somando os quadrados dos catetos da sala, de castigo nos cantos da mesma. 
Ensinei a Raquel a ser reacionária e contestatária, em troca ela ensinou-me a ser condescendente, paciente e solidária, e… indecisa!?! Sou tão indecisa quanto ela, mas muito mulher-camaleão para o demonstrar. 
Cantei- lhes a tabuada com música de canções de embalar e eles ensinaram-me tanto… a fazer o dobro da receita do bolo, a dividir os bifes e a multiplicar o pão que nem sempre foi muito, e fizeram de mim uma contabilista exímia. 
Fiz este auto-retrato, porque não desisto à primeira adversidade, sou teimosa, muito teimosa, tanto quanto resmungona, o difícil é fundamentar, mas eu chego lá! Pesquiso fundamentos que me sirvam, vasculho livros temáticos e romances. 
Resmungo sobre vidros e sob pinturas a óleo e teimo que Picasso já não é contemporâneo. 
Resmungo porque não há meio de aprender as velocidades e aberturas em fotografia e teimo porque Cartier Bresson até fotografava com uma Polaroyd! 
E é o meu fiel da balança, o pavio da vela, o homem que escolhi para me ouvir resmungar, que teima comigo em madrugadas de insónias, que os anjos são assexuados, e que o vidro é no verde e o plástico no amarelo. 
Assim, asseguro que a minha aprendizagem seja perpétua, só tenho que decidir o que fazer com ela. 
Decisões, e decisões e mais decisões!

AnaDiasFerreira
25 Janeiro 2010

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu aceitaria o lanche do chouriço, mas secalhar fazia-me melhor o do cházinho =)
És isso e muito mais, és uma mulher cheia de força!
Um beijo enorme
Tua, Iolanda